quinta-feira, 17 de novembro de 2011


HAI KAI

Eis que nasce completo 
e, ao morrer, morre germe,
o desejo, analfabeto, 
de saber como reger-me,
ah, saber como me ajeito 
para que eu seja quem fui,
eis o que nasce perfeito 
e, ao crescer, diminui.

Mínimo templo 
para um deus pequeno,
aqui vos guarda, 
em vez da dor que peno,
meu extremo anjo de vanguarda.

De que máscara 
se gaba sua lástima,
de que vaga 
se vangloria sua história,
saiba quem saiba.

A mim me basta 
a sombra que se deixa, 
o corpo que se afasta.

Paulo Leminski

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